O que é uma Avaliação Geriátrica Global?

Publicada 26/01/2021

Envelhecer é um processo natural que acomete a todos. Por maiores que sejam os cuidados com a saúde, mudanças físicas, cognitivas, psicológicas e na aparência são inevitáveis, no entanto, é possível reduzir os impactos dela na saúde e evitar que se transformem em complicações mais graves.

O trabalho do geriatra, além de tratar idosos já acometidos por enfermidades, é também promover a prevenção de eventos que possam ser danosos a saúde, como o desenvolvimento de doenças crônicas ou quedas, e avaliar a necessidade de introdução de cuidados paliativos em casos mais graves.

Uma das ferramentas utilizadas neste trabalho de prevenção é a chamada Avaliação Geriátrica Global e é sobre ela que iremos falar hoje.

 

O que é a Avaliação Geriátrica Global?

A Avaliação Geriátrica Global (AGG) é uma estratégia que visa traçar uma imagem completa do quadro clínico do paciente, avaliando questões psicológicas, sociais, funcionais e médicas do idoso.

O objetivo é traçar um panorama completo daquele paciente e, a partir disso, oferecer respostas multidisciplinares para melhorar a qualidade de vida, identificar doenças em seus estágios iniciais e evitar o desenvolvimento de complicações e danos evitáveis.

 

Quais são as vantagens da Avaliação Global?

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, as vantagens da AGG são:

• Aumentar a precisão do diagnóstico;

• Tornar o prognóstico mais correto;

• Diminuir o risco iatrogênico;

• Facilitar condutas preventivas;

• Orientar a escolha das intervenções;

• Adequar as medidas assistenciais;

• Facilitar o acompanhamento;

• Melhorar a qualidade de vida.

Apesar de todas estas vantagens, isto não significa que ela deve substituir todos os atendimentos do idoso, a realização de consultas e exames com profissionais que tratem de patologias específicas deve ser mantida.

Por ser um instrumento principalmente de prevenção, é importante realizar a AGG anualmente ou a cada dois anos, a depender da condição clínica de cada pessoa, a partir dos 60 anos. Entretanto, o quanto antes começarem os cuidados com o envelhecimento, melhores serão os resultados.

 

O que é avaliado em uma Avaliação Geriátrica Global?

Como a AGG busca entender o paciente de maneira completa, entendendo suas dificuldades e desenvolvendo estratégias específicas para cada caso, é preciso fazer uma análise completa de seu quadro. Por isso, em uma AGG é feita uma avaliação clínica, física, mental, funcional e social do paciente.

 

Avaliação clínica

É voltada para as patologias do paciente. Devido a sua prevalência nesta faixa etária, deve-se sempre avaliar a presença ou o risco de desenvolver:

  1. Doenças cardiovasculares;
  2. Diabetes;
  3. Déficit auditivo e/ou visual;
  4. Déficit cognitivo;
  5. Afecções osteoarticulares.

A existência de patologias é central para a promoção do bem-estar e qualidade de vida. É preciso avaliar como elas afetam o dia a dia, se há queixas de incontinência urinária, insônia, dificuldades motoras ou problemas de audição, por exemplo.

Também é importante verificar quais medicamentos ele toma e seus efeitos colaterais, além da possibilidade de riscos causados pela interação medicamentosa.

 

Avaliação física

Nesta avaliação é feita a aferição do condicionamento físico do idoso, seu estado nutricional, equilíbrio e marcha. Ela é importante para avaliar o risco de quedas, desnutrição e desidratação, que são eventos comuns na terceira idade e podem trazer consequências sérias para a saúde.

 

Avaliação mental

O estado afetivo e cognitivo do idoso é o foco desta avaliação. Com ela é possível perceber afecções cognitivas ainda em seus estados iniciais e dar início a tratamentos que previnam o seu agravamento.

 

Avaliação funcional

Qual o grau de autonomia e independência do idoso? Entende-se que esta questão abrange uma série de funções, desde a capacidade de realizar tarefas domésticas, até àquelas voltadas para o autocuidado, como tomar banho e trocar de roupa.

Conforme os Cadernos de Atenção Básica, quando se avalia a funcionalidade da pessoa idosa é necessário diferenciar desempenho e capacidade funcional:

• Desempenho avalia o que o idoso realmente faz no seu dia a dia.

• Capacidade funcional avalia o potencial que a pessoa idosa tem para realizar a atividade, ou seja, sua capacidade remanescente, que pode ou não ser utilizada.

Existem questionários específicos para avaliar a capacidade funcional e o desempenho que podem ser empregados durante a avaliação.

 

Avaliação social

A vida social tende a ficar mais restrita na terceira idade. Sentir-se solitário, desamparado ou até mesmo como alguém que atrapalha a rotina da família é bastante negativo para o estado psicológico e pode até levar a sintomas depressivos.

Avaliar se o idoso tem uma rede apoio, amigos ou familiares próximos pode ser um indicativo de seu estado psicológico.

Além disso, nesta avaliação, são analisados os recursos financeiros e econômicos, que também servem como importante fator de bem-estar.

Caso sejam detectados sinais de qualquer patologia durante estas avaliações, deve-se solicitar mais exames como forma de confirmar a existência da doença e encaminhar o idoso para um especialista, se for necessário.

Outro ponto importante é a equipe que fará a avaliação. Embora seja importante a presença de profissionais de diferentes especialidades, todos devem conhecer as especificidades da terceira idade, como a diminuição de altura, alterações no peso e paladar, mudança na distribuição de gordura corporal e massa magra, entre outros eventos que são parte do envelhecimento e não indicam, necessariamente, que há alguma afecção clínica.

Capacitar-se em geriatria e gerontologia é a melhor maneira de conhecer profundamente as mudanças ocorridas na terceira idade e quais são as necessidades deste público, oferecendo a eles um atendimento de qualidade e humanizado.

Na Pós-Graduação em Geriatria e Gerontologia da Faculdade Unimed, que é voltada para médicos, são tratados temas como a prática clínica geriátrica, farmacologia, demografia, atividades físicas e prevenção de doenças, transtornos neuropsiquiátricos e teoria da gerontologia, por exemplo, como forma de permitir que o idoso seja visto de forma holística.

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