WhatsApp na Medicina: o aplicativo pode ser usado para contato com pacientes?

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Publicada 17/08/2018

No mundo todo, 1,5 bilhão de pessoas utilizam o WhatsApp, totalizando 60 bilhões de mensagens trocadas por dia. O aplicativo deixou de estar restrito a conversas entre grupos de família e amigos e passou a ser utilizado também para negócios e relacionamento com o consumidor. Mas e na área da saúde? O WhatsApp na Medicina é permitido?

A conectividade já faz parte da vida do cidadão, facilitando muitos processos no cotidiano. Então, até que ponto os médicos poderiam usar essa tecnologia no contato com seus pacientes de forma segura e sem ferir o Código de Ética Médica?

Para esclarecer as dúvidas que cercam esse tema, desenvolvemos este post. Vamos explicar as formas de uso do aplicativo por esses profissionais segundo o parecer do Conselho Federal de Medicina (CFM). Acompanhe!

Como é o uso profissional do aplicativo entre os médicos?
O levantamento The Digital Health Debate — realizado em 2015 pela consultoria inglesa Cello Health Insight com médicos de Inglaterra, Itália, França, Alemanha, Espanha, Estados Unidos, China e Brasil — apontou que 82% deles têm acesso ao smartphone no trabalho e o utilizam com objetivos profissionais.

Os brasileiros são os que mais usam o aparelho (90%), seguidos pelos chineses (85%). Nos Estados Unidos, esse percentual foi menor (73%). Já quando o assunto é o uso do WhatsApp, a média entre todos os profissionais pesquisados foi de:

  • 31% para se comunicar com outros médicos;
  • 15% para se comunicar com pacientes;
  • 12% para se comunicar com representantes farmacêuticos.

Em relação a cada país, chama atenção o fato de os brasileiros apresentarem uma taxa bem alta no uso desse aplicativo para se comunicar com pacientes quando comparada aos outros médicos. Veja abaixo os números:

  • Brasil (87%);
  • Itália (61%);
  • China (50%) — usaram o WeChat, versão local do aplicativo;
  • Estados Unidos (4%);
  • Inglaterra (2%).

Quais são as formas de utilizar o WhatsApp na Medicina?
Como mostramos acima, os médicos brasileiros têm o hábito de utilizar o aplicativo de mensagens na rotina profissional — principalmente no contato com o paciente. Contudo, quais são os limites desse tipo de comunicação? Como utilizar o WhatsApp na Medicina de forma a oferecer um atendimento mais completo mas com segurança?

Por conta das inúmeras consultas sobre esse assunto, o CFM publicou o Parecer nº 14/2017 para orientar os médicos quanto ao uso do aplicativo. Segundo o documento, é possível utilizar essa tecnologia para a comunicação de forma privativa para enviar informações ou tirar dúvidas:

  • entre médicos e seus pacientes;
  • entre médicos e médicos;
  • em grupos fechados de especialistas;
  • em grupo formado pelo corpo clínico de uma instituição ou cátedra.

No entanto, o documento destaca que todas as mensagens trocadas devem ter caráter confidencial absoluto e não podem ser enviadas para fora dos grupos, nem circular em outros grupos que tenham finalidade recreativa — mesmo que formados apenas por médicos.

O CFM reconhece que o uso de novos métodos e tecnologias na Medicina é medida irreversível, pois são recursos que podem melhorar o diagnóstico e o posterior prognóstico dos pacientes e suas enfermidades. Porém, considera sempre a sua utilização levando em conta o sigilo da relação médico-paciente, bem como os pontos do Código de Ética Médica.

Relação médico-paciente
O parecer esclarece que o médico pode sim receber e responder mensagens dos pacientes no aplicativo, da mesma maneira que sempre fez via telefone. Cita ainda a prática comum, principalmente na pediatria, em que os pais aflitos recorrem ao telefone para receber orientações seguras do profissional por conta, por exemplo, da febre do filho.

Dessa maneira, o WhatsApp na Medicina é permitido para a troca de informações entre médicos e pacientes, no caso de pessoas que já estão recebendo assistência para:

  • tirar dúvidas;
  • tratar de aspectos evolutivos;
  • passar orientações ou intervenções em situações emergenciais.

Contudo, o parecer faz uma ressalva — a utilização do aplicativo de mensagens não deve substituir as consultas presenciais, como já estabelece o Decreto-Lei nº4113/1942.

Discussões de casos médicos
O WhatsApp na Medicina pode ter uma função bastante interessante ao reunir médicos para discutir casos que precisam da intervenção de mais de uma especialidade. Mas o CFM alerta que tais grupos devem ser formados exclusivamente por médicos registrados nos Conselhos de Medicina. Considera, portanto, violação de sigilo a abertura das informações trocadas a terceiros que não se encontrem nessa posição.

Nessas discussões, é proibido exibir pacientes, fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir antes e depois de tratamentos ou, até mesmo, fazer selfies durante a atividade médica — em consultas, procedimentos clínicos ou cirúrgicos.

Se for preciso incluir imagens que possam fazer a identificação do paciente, é obrigatório obedecer à Resolução CFM 1.974/2011, exceto em casos de urgência e emergência.

Por fim, o documento destaca que os médicos são responsáveis pelas opiniões, informações e mídias trocadas nesses grupos, por isso devem estar atentos aos limites da ética médica.

Como essa tecnologia pode agilizar a rotina do consultório?
O WhatsApp vem ganhando espaço na rotina do consultório, agilizando, por exemplo, o agendamento, a confirmação e até o cancelamento de consultas. Utilizar o aplicativo para esse tipo de lembrete facilita o dia a dia da secretária, que não precisa fazer várias tentativas até o paciente atender o telefone para receber o recado.

É uma comodidade também para o próprio paciente, já que ele não será interrompido com um telefonema no meio do trabalho, por exemplo. Ele pode olhar a mensagem quando estiver mais tranquilo. Dessa maneira, é uma tecnologia que vai ao encontro do cotidiano cada vez mais corrido das pessoas, que estão sempre conectadas para dar conta de todos os compromissos.

O WhatsApp na Medicina é mais uma maneira para que pacientes entrem em contato com os seus médicos. Todavia, há limites para essa forma de comunicação, como estabelece o CFM, e essa tecnologia não deve substituir a consulta presencial. Assim, os profissionais que abrem esse canal de relacionamento devem deixar as regras bem claras para pacientes e seus familiares.

Você conhecia as formas permitidas para o uso do WhatsApp na rotina médica? Compartilhe essas informações com outros colegas em suas redes sociais para que eles também saibam como utilizar o aplicativo no contato com os pacientes!




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