Medicina de urgência e emergência: a tomada de decisão

Publicada 31/05/2019

A especialidade na área de medicina de urgência e emergência é relativamente nova no Brasil. Muito embora toda e qualquer cidade tenha um atendimento de emergência, os médicos que nela atuam nem sempre são formados especificamente para isso.

Pelo contrário, trata-se de uma das áreas que mais recebem os egressos das faculdades de medicina. No entanto, o trabalho nesse setor é de alta complexidade, exigindo capacidade médica e legal para a tomada de decisão imediata.

Assim, a demanda por médicos especialistas vem crescendo, assim como a atenção que os hospitais têm dado à área, em virtude do aumento do número de casos e da alta morbimortalidade.

Considerando a relevância do assunto, explicaremos neste artigo a importância da tomada de decisão nas situações de urgência e emergência médica. Acompanhe!
 

Como é a demanda pela medicina de urgência e emergência?


A área de medicina de urgência e emergência é uma das mais complexas de um hospital, exigindo do profissional um conhecimento multidisciplinar e constante atualização.

Soma-se a isso o crescimento da demanda de casos de urgência, emergência e terapia intensiva, em função de diversos fatores, como a violência urbana, número de acidentes de trânsito, insuficiência da rede básica de atendimento.

No entanto, a formalização da especialidade no Brasil foi iniciada tardiamente, especialmente em relação a outros lugares do mundo, como os Estados Unidos. Somente nos últimos anos a área tem recebido mais atenção, tanto das direções dos hospitais quanto das escolas de medicina, com a introdução da disciplina nos cursos de graduação e a criação de cursos de residência e pós-graduação na área.

Até então, o que se vê são emergências lotadas de médicos recém-formados, sobrecarregados de casos de baixa complexidade que acabam nas emergências em virtude da falta de estruturação da rede assistencial.

O problema coexiste com os casos de média e alta complexidade, em que é necessária a atuação de um profissional especializado e experiente, com conhecimentos em quase todas as áreas da medicina e especificamente treinado para tomar decisões rápidas e precisas.

Diante desse cenário, a demanda por especialistas em medicina de urgência e emergência, bem como em terapia intensiva, é crescente. Isso acontece porque, além do aumento de casos de urgência, devido à falta de vagas nas unidades de terapia intensiva (UTIs) é comum o paciente crítico ser tratado em salas especiais da emergência por dias, necessitando de um profissional que conduza o seu tratamento, independentemente do local do hospital onde esteja.
 

O que faz um médico intensivista?


Urgência e emergência é a especialidade médica que presta suporte avançado aos pacientes cujas funções vitais estão comprometidas, com risco de morte. Nesse caso, o médico intensivista é aquele que coordena o trabalho da equipe no atendimento a esse tipo de pacientes dentro de uma UTI.

Entre suas funções estão o monitoramento das funções vitais e avaliação de exames, intervindo no prognóstico e estabelecendo condutas e tratamentos para a melhora da condição clínica do paciente. O trabalho do intensivista se dá nas UTIs adultas, pediátricas ou neonatais, ou nas emergências, seja como rotineiro ou plantonista em hospitais públicos e privados.

O mercado de trabalho oferece inúmeras oportunidades aos profissionais da área, uma vez que o Ministério da Saúde definiu, em 2002, que um mínimo de 4% dos leitos em um hospital deveriam ser de terapia intensiva. Além disso, para manter uma UTI funcionando são necessários, pelo menos, 2 médicos intensivistas. No entanto, o ideal seria que metade da equipe fosse de especialistas.

Além dessa deficiência, o aumento de casos críticos, especialmente em função do envelhecimento da população e da violência, confirma a necessidade de profissionais da área de terapia intensiva.

Para suprir essa carência, são necessárias, além da especialização, diversas características inerentes a um bom intensivista, tais como:

  • ter equilíbrio emocional;
  • saber trabalhar sob pressão;
  • tomar decisões rápidas;
  • ter raciocínio lógico bem desenvolvido;
  • possuir um lado humano aflorado para lidar com pacientes e seus familiares.

Qual é a importância da tomada de decisão nessa área da medicina?


O exercício da medicina de urgência e emergência é muito diferente do atendimento nos consultórios, postos de saúde e do tratamento programado nos hospitais. A emergência constitui uma situação única de decisão clínica e legal imediata.

Trata-se de uma situação de ameaça, brusca e decisiva, que requer medidas rápidas de correção e de defesa. Isso porque urgência pressupõe um estado clínico que se instaura abruptamente, seja por acidente ou patologia, exigindo tratamento terapêutico ou cirúrgico com rapidez.

Sendo assim, o médico emergencista deve estar preparado técnica e eticamente para tomar decisões no sentido de prestar um atendimento competente, respeitando os direitos do paciente.

Além disso, vale dizer que, em função do risco, o nível de exigência sobre esses profissionais é maior, sendo necessários atualização e embasamento científico, tanto para um atendimento de qualidade quanto para sua própria defesa, em caso de um processo legal.

Na emergência, os médicos têm pouco tempo para avaliar a competência do paciente em tomar decisões sobre a sua saúde e não têm o benefício de consultar o conselho de ética, por exemplo.

Um paciente que tenha capacidade clínica e legal tem o direito de tomar decisões acerca dos tratamentos de saúde que lhe são indicados, incluindo recusá-los, mesmo que haja risco de morte. E um médico considerar um paciente clinicamente incapaz não é suficiente para passar por cima de suas preferências, a menos que a justiça também o considere incapacitado.

Capacidade clínica do paciente
Refere-se à capacidade de entender os riscos da situação e os benefícios da solução proposta. Ela envolve:

  • os fatores médicos, como a doença, os déficits sensoriais, questões emocionais e psiquiátricas;
  • os efeitos colaterais de medicações;
  • a capacidade funcional, ou seja, física, psicológica e cognitiva;
  • e os fatores ambientais, por exemplo, riscos e impedimentos à capacidade.

Capacidade legal do paciente
Também chamada de competência, trata-se de um estado legal. Por exemplo, possuir a idade mínima legal para tal decisão, isto é, a maioridade. Ou ainda, no caso dos acompanhantes, envolve o grau de parentesco.

A combinação de outras condições pode determinar a incapacidade legal, tais como doença incapacitante (deficiência ou transtorno mental, alteração da consciência ou uso regular de medicamentos), falta de capacidade cognitiva para avaliar informações ou comunicar decisões e outras.

Felizmente, o cenário geral vem mudando, e tanto o mercado quanto as instituições de ensino vêm enxergando a demanda por especialistas. Pensando nisso, a Faculdade Unimed oferece o curso de pós-graduação em Urgência, Emergência Médica e Terapia Intensiva para médicos que desejam atuar na área.
 

Aproveite a visita ao blog e conheça mais sobre a medicina humanizada, que é uma prática necessária para a área da saúde!




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